- Área: 250 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Denilson Machado – MCA Estúdio
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Fabricantes: Arthus Mármore e Granitos, Blumenfee Floricultura, Carolina Delleva, Di Mármore, Dpot Objetos, Galeria Beto Carrazoni, Galeria Vermelho, Heloísa Crocco, Juliana Maia, Lock Engenharia, Loja Teo, Terra Conttemporânea
Descrição enviada pela equipe de projeto. Otto Felix, arquiteto conhecido pelas linhas singulares e expressivas que brotam de seus croquis, marca presença na edição de 2019 da CASACOR São Paulo. De maneira única, o profissional traduziu o conceito do evento por meio de uma morada de 250m² que respira traços retos e mistura, harmonicamente, um lado rústico com o suprassumo da contemporaneidade.
A Casa das Sibipirunas, dividida em living com lareira, cozinha e uma suíte com closet, instiga por um morar mais reflexivo e desconectado, onde a proposta por uma vida mais simples foi estabelecida como referência. Propondo um projeto arquitetônico contemporâneo e que, em termos técnicos, pode ser considerado leve e de fácil execução, a residência foi baseada em três elementos principais: vidro, gesso e travertino romano. A forte presença desses materiais reinventa o conceito de casa de campo e traz uma releitura muito mais moderna, minimalista e afamada. Criada por meio de peças estruturais, ou comumente chamadas de vigas metálicas, com fechamento em vidro nos espaços remanescentes, a morada teve a obra executada pela Lock Engenharia, e se integra com duas árvores que já existiam no local, a quais de maneira poética e orgânica, batizaram o ambiente.
Logo na entrada, o visitante é guiado por uma passarela em madeira e um jardim rico em verde, proporcionando uma recepção tropical, rica em bossa e contemplação. O paisagismo, assinado por Daniel Nunes, ainda é perpetuado pelos interiores, graças à arquitetura transparente desenhada por Otto. O teto, em gesso ripado, permite a entrada de luz solar e cria uma brincadeira interessante de luz e sombra. Durante a noite, a iluminação que permeia os pilares da construção cria uma atmosfera cênica e destaca a estrutura do ambiente. Já o living conta com uma lareira, que acolhe e exibe pelo fogo, um elemento vital que contrasta passado e presente. O tapete da By Kamy delimita o local, quebrando o paradigma na apresentação e divisão dos espaços, que conversam entre si com os móveis cuidadosamente selecionados e dispostos com proporções análogas de conforto e sofisticação.
Sendo assim, o mobiliário é um capítulo à parte: elegante e sóbrio, com tons mais escuros e quentes, e que interagem com o resto da composição do projeto. A mesa de jantar com pés de latão e tampo de granito café imperial rústico, por exemplo, é um desenho original do profissional. Para amarrar o conceito de maneira ímpar, o arquiteto utilizou elementos e obras que já existiam, ou que foram criadas especialmente para a mostra, de artistas locais. Vasos cerâmicos, de Cacá Deleva, tapeçarias feitas por Juliana Maia, e rendelismo de Tida Ricco, por exemplo, completam a narrativa. Além disso, quadros com molde em gesso, ainda de Cáca, criam uma intervenção artística que nos remete à infância e a tempos mais simples, por meio de elementos como bonequinhos, rolo de macarrão e flores.
Cada um com suas singularidades, transpassa a fragilidade das épocas. Inspirado pelas soluções das décadas de 40 e 50, Otto trouxe como referência os pisos de cerâmica vermelha muito encontrados em construções antigas da cidade de São Paulo. O que era moda na época e vendia mais do que as próprias peças de ladrilho, acabou sendo esquecida e substituído. O arquiteto, então, recriou a paginação com cacos de Travertino Romano, proveniente do reaproveitamento de sobras de uma marmoraria. Além de apresentar uma das facetas sustentáveis do projeto, ainda constitui a bancada da cozinha minimalista, a tornando uma espécie de ruína que se confunde com uma intervenção artística.
As portas de serralheria, guardam os eletrodomésticos e armários de maneira sútil e elegante. A máster suíte também possui peças de design autoral, como a cabeceira e a base da cama, além do amplo closet revestido em camurça suede, dividido entre nichos e prateleiras. O banheiro segue o conceito de ruína e nasce de modo orgânico do chão, emoldurando o box e a cuba Deca. Um grande espelho surgindo ao fundo cria a sensação de estarmos vendo um sol nascendo ou se pondo, dependendo do momento que é visto, e completa o décor de fino toque.